Ori é o nosso Orixá mais forte, refere-se à nossa intuição espiritual e ao nosso destino. Assim como outras palavras da religião, é uma palavra derivada da língua yorubá, sendo traduzido como “cabeça”. Também se refere ao Orixá pessoal de cada um. Desse modo, é o primeiro Orixá a ser louvado, representação particular da essência real do ser. É aquele que guia, acompanha e nos ajuda desde antes do nosso nascimento, durante toda a nossa vida e após a nossa morte, que está presente em toda nossa jornada e ajudando no cumprimento de nosso destino.
Como o Orixá pessoal de cada ser humano, é a divindade que está mais interessada na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro Orixá. Da mesma forma, ele conhece as necessidades de cada um em sua caminhada pela vida e, nos acertos e nos erros de cada um, tem os recursos adequados e todas as indicações que permitem a reorganização do destino e caminhos referentes a cada ser humano.
Um Ori bem cuidado tem o poder de abençoar, abrir caminhos, melhorar a vida. Cuidar do Ori, é cuidar de si, é refletir sobre suas escolhas pessoais, sobre suas ações e sobre as consequências dos próprios atos, sobre como e qual é o seu contato com a espiritualidade e acima de tudo, ver o sagrado em si. O sagrado no sopro divino da vida que foi recebida e presenteada, enxergar no próprio Ori o que ele representa pode dar a força necessária que precisamos no dia a dia, uma vez que o divino reside dentro da nossa cabeça física e espiritual.
Existe um ditado Yoruba que diz: "Pode se viver sem um braço ou uma perna, até mesmo sem um rim, mas não há caminho e vida sem um Ori".
Infelizmente, o culto ao Ori não é tão conhecido no Brasil, mas na Nigéria e em terreiros mais antigos e tradicionais do candomblé brasileiro ele é respeitado e reverenciado como o mais importante conhecimento ancestral por trazer para nós mesmos a responsabilidade sobre nosso destino e um pouco mais de poder pessoal.
Existe uma prece muito antiga, que aqui está traduzida do Yorubá que pode ser feita ao Ori quando se precisar de uma resposta, um caminho e de boa sorte. Sugiro que seja feita junto com um copo d'água e uma vela de sete dias.
Encantamento para propiciar o Orí
“Orúnmilá que fortifica os tristes, fortifica me, eu estou triste, fortifica o meu coração triste.
Senhor da comunidade, aquele que é honrado e respeitado, é a cabeça de alguém cansado que invoca a tua ajuda.
Senhor da comunidade, esteja conosco, me acompanhe, que as coisas boas me
encontrem, e que obtenhamos coisas boas, é a cabeça de alguém cansado que invoca tua ajuda.
Minha cabeça, venha cobrir a casa e minha retaguarda.
Duzentos, duzentos, que orobô cresça na floresta; duzentos, duzentos, que ataré cresça na floresta, duzentos, que o poder do dinheiro adentre a minha casa.
Que as feitiçarias, as doenças, os problemas, as aflições, a morte, a fome, a
sede, desapareçam da minha vida.
Quando efún entra no ossún ele desaparece.
Que todas as minhas aflições desapareçam.
Que a palavra de Ifá se realize, e a de Orúnmilá também, como um encanto.
E ao encontrarem Alagemô realizam-se através dos Orixás, que aceitam do alto todos os
meus pedidos.
A folha no fogo queima rapidamente, que meus pedidos se realizem assim.
Leite,leite, escorra para as crianças em quantidade como é na fazenda de Esisi.
Que minha casa, meus caminhos, meus conhecidos se engrandeçam.
Que todos os meus votos façam desabrochar, e transformar-se para mim, a fim de que ao nascer do dia eu encontre facilidades, axé ô, axé ô, axé ô!”
Um bom exercício de final de ano(e diário também) é refletir sobre Ori, sobre nossos objetivos diante a vida e o sobre o que estamos fazendo para alcançá-los, lembrando sempre que: “Orí eni ní um’ni j’oba”, isto é, “a cabeça de uma pessoa faz dela um rei”.
Axé ô!